quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Papete

"Nascido José de Ribamar Viana, na Cidade de Bacabal, no interior do Maranhão, Papete se identificava desde pequeno com os sons das festas populares de sua terra.
Criado em São Luís, Papete se interessava pelos ritmos do Bumba-meu-boi, do Tambor-de-crioula, do Tambor-de-mina e por cada uma das manifestações culturais do seu Estado, todas estreitamente ligadas às culturas indígena, africana e ibérica.
Transferindo-se para São Paulo em 1969,
Papete conhece o compositor Luís Carlos Paraná, então proprietário da casa noturna ‘O Jogral’. Ali trabalhou durante sete anos, dando seus primeiros passos como músico e intérprete, chegando a criar o primeiro show de percussão apresentado numa casa noturna de São Paulo.
Em 1972 Papete conhece o jornalista, escritor e publicitário Marcus Pereira, que na ocasião montava a produtora de discos responsável pelo mapeamento da cultura musical brasileira, entre outras obras da maior importância dentro do cenário musical do País. Na ‘Marcus Pereira’ Papete trabalhou como pesquisador, dirigiu gravações e, como músico e intérprete, gravou seus três primeiros LPs, todos com excelente aceitação por parte da crítica.
Estudou percussão com o falecido maestro De Lucca, da Sinfônica Municipal e cursou a Faculdade de Comunicação.
Participou, como músico, do trabalho de diversos artistas nacionais e internacionais. Participou dos Festivais de Montreux, Sidney, Úmbria Jazz e Berlin. Com Toquinho realizou mais de trezentas apresentações no exterior. Em 1982 foi citado pela revista norte-americana ‘Dow Beat’ como um dos cinco melhores percussionistas do mundo. Em 1983 recebeu o prêmio Playboy como o melhor percussionista brasileiro. Em 1984 a crítica italiana conferiu-lhe o título de ‘melhor percussionista do mundo’ por sua participação no disco de Ornella Vanoni, eleito o Disco do Ano da Europa.
Há algum tempo Papete tem se dedicado quase que exclusivamente ao trabalho de pesquisa, registro e divulgação da música dos compositores maranhenses, trabalho que considera o mais importante de sua vida profissional, já tendo gravado vários discos nesse sentido.
Os mais significativos ritmos do Maranhão – o Bumba-meu-boi, o Tambor-de-crioula, o Tambor-de-mina, o ‘reggae’ maranhense, toadas e composições dos mais diversos autores – recebem no trabalho de Papete um tratamento de primeira linha, numa linguagem.

domingo, 26 de novembro de 2017

Robertinho Silva

Instrumentista e compositor, Robertinho Silva nasceu no Rio de Janeiro (RJ), dia 1º de julho de 1941. Baterista e percussionista autodidata, começou tocar bateria ainda criança e influenciado pelos principais bateristas do samba e bossa nova. Iniciou a carreira em 1960, como baterista do Flamingo, do qual se desligou em 1962.

Já como baterista profissional, estudou música com Alberto Mesquita e Joaquim Neagle. Participou pela primeira vez de uma gravação de estúdio em 1964, com Cauby Peixoto. De 1969 a 1972, tocou percussão e bateria para Milton Nascimento - com quem trabalhou por 26 anos, Taiguara, Gal Costa, Roberto Carlos, Marcos Valle e Gilberto Gil, entre outros.

Entre 1970 e 1974, participou da banda Som Imaginário, que tinha Wagner Tiso, Luiz Alves, Zé Rodrix e Tavito. Depois gravou e tocou com grandes nomes da música nacional e internacional e participou de vários festivais de música importantes, como os de New Port, Berlim, Free Jazz Festival, JVC New York, Montreaux, Midem, entre outros.

Morou nos Estados Unidos de 1974 a 1978, onde acompanhava Airto Moreira, Egberto Gismonti, Flora Purim, Moacir Santos, Wayne Shorter, Carl Tjader, Peggy Lee, Shelly Manny, Sarah Vaughan, George Duke, Ron Carter e Egberto Gismonti. Lançou seu primeiro disco solo, Música Popular Brasileira Contemporânea, em 1981.

Em 1997, fundou o Centro de Percussão Alternativo Robertinho Silva, no Rio de Janeiro (RJ), e no ano 2000 lançou o álbum Jaquedu com Ney Conceição. Em 2008, gravou com Raul de Souza, João Donato e Luiz Alves, o disco Bossa Eterna. Trabalhou com Lisa Ono, Guilherme Vergueiro, Wanda Sá, Mônica Salmaso, o saxofonista Bud Shank e o guitarrista George Benson.

Em 2009, gravou o disco independente Padedê de Sararás, em duo com o guitarrista capixaba Zé Moreira. Hoje, Robertinho Silva segue em carreira solo e pesquisa ritmos folclóricos de todas as regiões do Brasil. Também ministra cursos, seminários, oficinas e workshops e toca na Família Silva, ao lado do filhos Ronaldo, Vanderlei, Pablo e Thiago.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Guinga

Carlos Althier de Souza Lemos Escobar, Guinga, nasceu em 10 de junho de 1950, no Rio de Janeiro. Aprendeu violão intuitivamente aos 13 anos de idade. Mais tarde faria cursos de música, inclusive 5 anos de violão clássico com o professor Jodacil Damasceno. Começou a compor aos 16 anos, classificando a sua primeira canção aos 17 anos no Festival Internacional da Canção.
Trabalhou profissionalmente, acompanhando artistas como Clara Nunes, Beth Carvalho, Alaíde Costa, Cartola, João Nogueira, entre outros. Formou-se em Odontologia em 1975.
Sempre compondo, teve várias de suas músicas gravadas por nomes importantes: Elis Regina, Michel Legrand, Sérgio Mendes, Leila Pinheiro, Chico Buarque, Clara Nunes, Ivan Lins e outros.
Suas composições são parcerias feitas com Paulo César Pinheiro, Aldir Blanc, Chico Buarque, Nei Lopes, Sérgio Natureza, Nelson Mota, Simone Guimarães, Francisco Bosco, Mauro Aguiar e Luis Felipe Gama. Gravou 6 cds pela gravadora Velas:

Simples e Absurdo - 1991
Delírio Carioca - 1993
Cheio de Dedos - 1996
Suíte Leopoldina - 1999
Cine Baronesa - 2001
Noturno Copacabana - 2003

Todos foram sucessos de crítica. Alcançou com seu "Cheio de Dedos" as seguintes premiações: Prêmio Sharp 1996 - Melhor Disco Instrumental, Prêmio Sharp 1996 - Melhor Música Instrumental (Dá o pé o Loro) e Prêmio Sharp 1996 - Melhor Produção (Paulo Albuquerque).
Teve sua obra gravada por Leila Pinheiro no CD "Catavento Girassol" (pela gravadora EMI - ODEON). As 14 faixas do CD são todas de autoria de Guinga em parceria com Aldir Blanc. A música "Chá de panela" trouxe para Guinga o Prêmio Sharp 1996 de melhor música popular brasileira.
Apresentou-se vitoriosamente no exterior: Festival Brasiliana-Madrid 1993, Café Central-Madrid 1996 (durante 15 dias), Festival Internacional de Guitarra - Cordoba (Espanha) - 1996, Festival Braziliana-Jazz (Copenhagen-Dinamarca) - 1997. Recentemente esteve apresentando-se em Perugia, na Itália, onde também gravou um CD com o clarinetista Gabriele Mirabassi, em homenagem à obra de Guinga, que se chamará Graffiando Vento.
O CD "Suíte Leopoldina", lançado no ano de 1999, foi sucesso absoluto de crítica, entre jornais, revistas e rádios de todo o país.
Foi apontado por unanimidade pelos críticos do Jornal O GLOBO o melhor CD de música popular brasileira de 1999. Seu lançamento nos EUA se realizou no dia 15 de Maio de 2000.
Em 2002 Guinga teve sua biografia completa escrita pelo jornalista Mario Marques, no livro "Guinga, os mais belos acordes do subúrbio", publicado pela Editora Gryphus. Em 2003, foi lançado na Bienal do Livro o songbook "A música de Guinga", também editado pela Gryphus.
Ainda em 2003, lançou seu sexto CD, Noturno Copacabana, que está sendo aclamado pela crítica especializada.

Renata Montanari

Natural de São Paulo, a violonista, guitarrista e compositora Renata Montanari dedica-se à criação e divulgação da Música Instrumental Brasileira desde os primeiros estudos realizados no Centro Livre de Aprendizagem Musical – CLAM, reconhecida escola fundada pelo Zimbo Trio. Com Henrique Pinto e Paulo Porto Alegre estudou violao e posteriormente estudou harmonia e arranjo com Cláudio Leal Ferreira e Nelson Ayres.

Renata participou do Grupo Kali – formado apenas por mulheres e considerado o melhor do gênero à época –, da Banda Altas Horas, do programa de Serginho Groisman, da Rede Globo, e já se apresentou e gravou ao lado de grandes artistas como Oswaldinho do Acordeom, Léa Freire, Bocato, Nana Caymmi, Leila Pinheiro, Daniela Mercury, Diana King, Zélia Duncan, Paula Lima, Marina Machado, Vanessa da Mata, Margareth Menezes, Rita Lee, Milton Nascimento e fez parte da Avon Women Orchestra.

Professora de violão e harmonia da EMESP Tom Jobim (Escola de Música do Estado de São Paulo), desde 1992, onde coordenou o departamento de Cordas Dedilhadas e diretora e professora do Solo Centro Musical.

ENTRE O SOM E O SILÊNCIO

é o primeiro trabalho solo da violonista. Gravado entre fevereiro de 2012 e outubro de 2013,
o cd é o resultado de um processo de criação e pesquisa da linguagem do violão brasileiro. No repertório canções próprias, com arranjos originais de temas instrumentais para violão solo e quarteto, e composições como Ponta de Areia, de Milton Nascimento e Fernando Brant, e Forró Brasil, de Hermeto Pascoal.

Os arranjos feitos por Renata Montanari trazem as diferentes combinações de timbres, criando espaço para a improvisação e explorando a riqueza rítmica e harmônica da música brasileira.

O álbum conta com a participação de grandes nomes da música instrumental brasileira.
O contrabaixo de Sizão Machado, a guitarra de Rui Saleme e a bateria e percussão de
Tico Delisa se uniram à delicadeza do violão de Renata Montanari dando ao cd suavidade, brasilidade e muito swing.

Carlos Gomes

Antônio Carlos Gomes (Campinas, 11 de julho de 1836 — Belém do Pará, 16 de setembro de 1896) foi o mais importante compositor de ópera brasileiro.

Destacou-se pelo estilo romântico, com o qual obteve carreira de destaque na Europa. Foi o primeiro compositor brasileiro a ter suas obras apresentadas no Teatro alla Scala. É o autor da ópera O Guarani.

A música de Carlos Gomes, de temática brasileira e estilo italiano inspirado basicamente nas óperas de Giuseppe Verdi, ultrapassou as fronteiras do Brasil e triunfou junto ao público europeu.

Antônio Carlos Gomes estudou música com o pai e fez sucesso em São Paulo com o Hino acadêmico (com Bittencourt Sampaio) e com a modinha Quem sabe?, conhecida também como Tão longe, de mim distante, de 1860.

Continuou os estudos no conservatório do Rio de Janeiro, onde foram apresentadas suas primeiras óperas: A noite do castelo (1861), com libreto de Fernandes dos Reis, e Joana de Flandres (1863), com libreto de Salvador de Mendonça. Com uma bolsa do conservatório, estudou em Milão com Lauro Rossi e diplomou-se em 1866.

Em 19 de março de 1870 estreou no Teatro Scala de Milão sua ópera mais conhecida, Il guarany (O guarani), com libreto de Antonio Scalvini e baseada no romance homônimo de José de Alencar.

Encenada depois nas principais capitais europeias, essa ópera consagrou o autor e deu-lhe a reputação de um dos maiores compositores líricos da época.

O sucesso europeu de Il guarany repetiu-se no Brasil, onde Garlos Gomes permaneceu por alguns meses antes de retomar a Milão, com uma bolsa de D. Pedro ll, para iniciar a composição da Fosca, melodrama em quatro atos em que fez uso do Leitmotiv, técnica então inovadora, e que estreou em 1873 no Scata.

Mal recebida pelo público e pela crítica, essa viria a ser considerada mais tarde como a mais importante de suas obras.

Depois de Salvatore Rosa (1874) e Maria Tudor (1879), Carlos Gomes voltou ao Brasil e foi recebido triunfalmente.

Nessa temporada brasileira, dirigiu na Bahia e no Rio de Janeiro a montagem de Il guarany e de Salvatore Rosa. Ainda na Bahia apresentou Hino a Camões e em São Paulo realizou, no Teatro São José, a primeira montagem de Il guarany no estado natal.

A partir de 1882, Carlos Gomes passou a dividir seu tempo entre o Brasil e a Europa. No Teatro Lírico do Rio de Janeiro estreou Lo schiavo (1889; O escravo), de tema brasileiro.

Com a proclamação da república, perdeu o apoio oficial e a esperança de ser nomeado diretor da Escola de Música do Rio de Janeiro.

Retomou então a Milão e estreou O condor (1891), no Scala. Doente e em dificuldades financeiras, compôs seu último trabalho, Colombo, oratório em quatro atos para coro e orquestra a que chamou poema vocal sinfônico e dedicou ao quarto centenário do descobrimento da América. A obra foi encenada em 1892 no Teatro Lírico do Rio de Janeiro.

Em 1895 Carlos Gomes dirigiu Il guarany no Teatro São Carlos, de Lisboa, cidade em que recebeu a última homenagem: foi condecorado pelo rei Carlos I.

No mesmo ano chegou ao Pará, já doente, para ocupar a diretoria do Conservatório de Música de Belém, cargo criado pelo govemador Lauro Sodré para ajudá-lo.

Os modernistas de 1922 desprezaram Carlos Gomes, mas o público brasileiro sempre valorizou suas modinhas românticas - Bela ninfa de minh'alma, Suspiros d'alma, Quem sabe? -, a parte mais autenticamente nacional de sua obra, e a abertura ("protofonia") de Il guarany. 

Em 1993 essa ópera, meio esquecida, voltou aos palcos europeus ao ser montada por Wemer Herzog, na ópera de Bonn, com Plácido Domingo no papel de Peri. Carlos Gomes morreu em Belém, em 16 de setembro de 1896.

Pascoal Meirelles

Inicialmente autodidata, estudou e graduou-se, posteriormente, no Berklee College of Music (Boston, EUA), a renomada escola de música por onde passaram músicos como Quincy Jones, Toshiko Akiyoshi e Gary Burton, entre outros.

O início de sua carreira profissional aconteceu aos 18 anos, tocando em bailes e casas noturnas. Formou o grupo Tempo Trio, em 1966, com o qual gravou um disco para a Odeon.

Mudando-se para o Rio de Janeiro, em 1967, foi convidado a participar do grupo de Paulo Moura, enquanto atuava em shows e gravações com Maysa, João Bosco e lvan Lins entre outros.

Excursionou pelo México, em 1972, e pelos EUA em 1974, com o grupo Festa Brasil, ao lado de Simone, Tenório Jr., Fernando Leporace, Chiquito Braga e João de Aquino.

Em 1975, obteve uma bolsa de estudos para o Berklee College of Music, onde estudou até 1979. Nesta época, atuou em clubes de jazz e participou do show “Saravá” apresentado na Broadway, em Nova York, além de gravar o álbum duplo Terra Brasilis, de Antonio Carlos jobim, com orquestração de Claus Ogerman, ao lado de Oscar Castro Neves e Michael Moore, entre outros.

De volta ao Brasil, atuou por mais de 10 anos na banda de Luís Gonzaga Júnior. Como músico de estúdio, gravou com Hélio Delmiro, Wagner Tiso, Chico Buarque, Danilo Caymmi, Edu Lobo, Claudio Roditi, Hendrix Meurkens e Luís Bonfá, entre outros.
Pascoal Meirelles é um dos fundadores do grupo instrumental Cama de Gato, que originalmente contava ainda com Mauro Senise, Arthur Maia e Rique Pantoja (este último recentemente substituído por Jota Moraes). O grupo foi aclamado pela crítica corno o mais bem sucedido grupo instrumental dos anos 80. Com cinco discos lançados – “Cama de Gato”, “Guerra Fria”, “Sambaíba”, “Dança da Lua” e “Amendoim Torrado” (este último recebeu indicação para o Prêmio Sharp) – o grupo ainda realizou turnês pelo Brasil, Espanha, França, Bélgica e Estados Unidos.

Paralelamente, a partir de 1981, Pascoal Meirelles dá início à sua carreira solo, lançando seu primeiro disco “Considerações a Respeito”. Em seguida. vieram “Tambá” (1983), “Anna” (1987), “Paula” (1992), “Forró Brabo” (1998) e “Considerações” (CD compilação dos três discos iniciais, 1996). Recebeu indicações pelo seu trabalho em “Paula” e “Considerações” para o prêmio mais importante da música brasileira: o Prêmio Sharp.

Entre 1994 e 1996, participou como professor do Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília; ministrou treze workshops na Dinamarca e Suécia, apresentando-se, também, em dois concertos no Kopenhagen Jazz House. Em 1996 conferiu cursos na cidade de Ouro Preto, no Festival de Inverno da Universidade de Minas Gerais e também em Santa Maria (Rio Grande do Sul), no II Encontro Latino-Americano de Percussão.

Em 1997 gravou a trilha sonora de Edu Lobo para o filme épico “A Guerra de Canudos”, executando percussão clássica com orquestra de câmara, e em seguida realizou turnê de shows e workshops com o grupo Cama de Gato, em diversas cidades do nordeste do Brasil. Foi também convidado a tocar com Bob Mintzer Big Band, no Festival de Inverno da Universidade de Minas Gerais e, posteriormente, a ensinar no Berklee World Percussion Festival, em Boston (EUA). Em 1998, lecionou no I Festival Internacional de Música de Natal (Rio Grande do Norte).

Em 1999, apresentou-se com Paulo Moura em Roma, Milão, Tel Aviv e Jerusalém, além de ter tocado com Claudio Roditi Group no Bern Jazz Festival (Suíça) e ter ministrado workshops na Suécia.
Desde então, tem realizado diversos projetos, tais como: lançamento em 1997 do sexto CD solo “Forró Brabo” em diversas capitais brasileiras, participação na gravação do novo CD e em shows do cantor / compositor Ed Motta, participação em workshops na Feira Nacional de Arte e Cultura da Paraíba em 1999, lançamento do CD “Água de Chuva”, com o grupo Cama de Gato em 2002, concerto no Festival de Jazz de Marsiac, França, com o grupo de Claudio Roditi, workshop na Escola Drumtech, em Londres, Inglaterra em 2003, lançamento do CD “Tom” em 2004, no Mistura Fina, no Rio, com o trio formado juntamente com o baixista Alberto Continentino e o guitarrista Nelson Faria, que apresentou-se no Projeto Bossa Nova 2000 e SESC Instrumental. Ainda em 2004, foi convidado pela Sociedade Filarmônica de Quito, Equador, para se apresentar com o Cama de Gato no Teatro Sucre e realizar workshops na Universidade São Francisco de Quito.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Zé Eduardo Nazário

José Eduardo Pinto Nazário (São Paulo, 25 de setembro de 1952) é um baterista e percussionista brasileiro.
É considerado, segundo publicações especializadas, como um dos principais professores de bateria do Brasil, recebendo da revista Modern Drummer brasileira e de colegas a alcunha de "o professor dos professores".
É também dos poucos brasileiros que domina a música indiana e um dos primeiros a ensinar a tabla em território nacional.

Após ter aulas de piano quando criança, iniciou na bateria por influência de seu primo Luiz Manini que lhe apresentou a bossa-nova e o jazz e lhe ensinou os primeiros passos no instrumento. Aos 12 anos já participava de seu primeiro grupo, o Xangô 3.

Ainda jovem, concebe e escreve para a bateria a estrutura rítmica do Jequibau, uma espécie de samba em compasso de cinco tempos.
A estrutura seria usada na gravação do disco Jequibau, The Exciting New Rhythm From Brazil, de Mario Albanese e Ciro Nogueira, no qual todas as músicas (sambas e bossas instrumentais e orquestrados) foram escritas em compassos de 5/4 (cinco por quatro).

A inovação do Jequibau, em termos da linguagem para bateria, consistiu no uso do chimbau executado com o pé à maneira do samba, mas em tempos alternados.
Estruturada em um ciclo de dois compassos, a bateria do Jequibau tem o timbau executado nos tempos dois e quatro do primeiro compasso e nos tempos 1, 3 e 5 do segundo.
No samba e bossa, tradicionalmente escritos em compassos binários, este instrumento é ouvido sempre nos contratempos.

Apesar de ser o criador, Nazário não atuou nas gravações do álbum.

Em 1966 conhece o baterista Edson Machado com quem trava amizade e passa a tocar no circuito das boates do Rio de Janeiro, onde atuou no grupo do pianista Tenório Júnior(Francisco Tenório Júnior) e conheceu Guilherme Franco com quem montou o Grupo Experimental de Percussão de São Paulo. Gravou com Gato Barbieri a trilha do filme Minha Namorada de Zelito Viana.
 Em 1972 grava com o grupo Mandala ao lado de Roberto Sion e Nelson Ayres.

Em 1973, passa a atuar no grupo de Hermeto Pascoal criando a barraca de percussão, uma mesa estilo da dos feirantes onde ele e Hermeto disponibilizavam um número considerável de instrumentos de percussão à serem tocados com um só instrumento.

Em 1974 forma o grupo Malika com seu irmão Lelo Nazário e o saxofonista Hector Costita e participou do álbum "Ymira Tayra Ypi Taiguara" do compositor e cantor Taiguara.

Em 1977 forma o Grupo Um com Rodolfo Stroeter no baixo e Lelo Nazário ao piano, partindo decididamente para o Free-jazz .
Convidado para fazer parte do grupo de Egberto Gismonti , grava o álbum Nó Caipira do compositor fluminense ao lado de Mauro Senize e Zeca Assumpção em 1978.

Tocou na turnê Tropical Jazz Rock com o guitarrista inglês John McLaughlin com quem excursionou por Buenos Aires. Também gravou nesta mesma época o álbum Clube da Esquina 2 (1978) onde acompanha diversos músicos mineiros como Lô Borges e Milton Nascimento.

Em 1989 organiza o Duo Nazário e em 1991 é convidado por Rodolfo Stroeter para substituir Nenê no grupo Pau-Brasil. Em 1997, recebe do governo indiano uma honraria pela sua contribuição de divulgação da música indiana no Brasil, isso pelo seu trabalho com a cantora indiana Meeta Ravindra.

Atualmente Zé Eduardo acompanha o guitarrista norte americano Jonh Stein, tendo gravado o álbum Encounter Point em 2007 na cidade norte-americana de Boston.

domingo, 19 de novembro de 2017

Renato Borghetti

Poucos sabem que Renato Borghetti é hoje um dos artistas brasileiros de mais solida carreira internacional.

Tournés europeias são uma constante na vida do gaiteiro, cidades italianas (sua origem), passando ainda por festivais na Croácia, Republica Tcheca, Áustria e Alemanha. Na Áustria, onde se apresenta regularmente desde 2000, Renato se sente em casa, pois não há cidade em que não tenha tocado.

“Lá tenho até um fã clube, as pessoas vão a tudo que é show, saem de Viena para assistir em cidades do interior e vice-versa, sempre lotando os lugares”, conta. com show de lançamento previsto para outubro, no Teatro do Bourbon Country.

No verão europeu, as apresentações são na maioria ao ar livre, para milhares de pessoas; mas também teatros, clubes de jazz, casas noturnas e centros culturais daqueles países e da França, Portugal, Hungria, Holanda, Eslovênia, Bélgica, Suíça tem programado a musica do gaucho. Para os que gostam de rótulos e classificações (como os jornalistas), o instrumental, o instrumental de Borghetti costuma entrar nos arquivos de etnomusic, world music, jazz fusion. Mesmo tendo na essência ritmos como vanerão, chote, milonga e chamamé, não causa nenhum estranhamento. Até pelo contrario: “A sonoridade do acordeon é familiar para o público europeu, e como partimos de nossas raízes para uma música mais elaborada, uma coisa mais jazzística, a aceitação é total. São normalmente shows longos, não saímos sem fazer diversos bis”.

As formações do grupo alternam quartetos, quintetos e sextetos. Nas turnês européias recentes , atua o quarteto, com Daniel Sá nos violões, Pedrinho Figueiredo na flauta e sax e Vitor Peixoto nos teclados. Em outras circunstancias, entram Arthur Bonill (violão sete cordas) com o qual BORGHETTI tem uma formação em Duo , Ricardo Baumgarten (baixo), Caco Pacheco (percussão) e Marquinhos Fê (bateria). É uma turma que se entende as mil maravilhas, cevada em estradas, aeroportos, palcos, bares e hectolitros de mate e cerveja na Fazenda do Pontal. A sala de grandes janelas da casa de campo dos Borghetti, à beira do Guaíba, em Barra do Ribeiro, foi transformada em estúdio de gravação , DVD “Fandango!”, trabalho que mostra um Renato em meio a paisagens do Rio Grande, contando sua história desde o inicio, surpreendentemente falante.

“Neste registro , ele resolveu fazer o caminho inverso, levando para o ambiente rural a mais moderna tecnologia. Com direção do excepcional Rene Goya Filho, o DVD é o primeiro produzido no Rio Grande do Sul no formato HD (High Definition).

Também foi lançado em 2012 vídeo documentário de suas andanças , onde foi mostrado em detalhes a reação do público fora do pais, a aceitação por parte da plateia e a surpresa de que a música executada por Borghetti, além do samba e bossa nova , também é brasileríssima.

Suas primeiras apresentações no exterior foram em 1998, em Portugal e na França. Já a primeira viagem internacional foi em 1990, para shows no S.O.B.´s, de Nova York.

Em 1995, estreou no Uruguai e na Argentina. Em 1999, voltou a França. No ano seguinte, de novo Portugal, França e o inicio do idílio com o público austríaco. A partir daí, dezenas de carimbos de passaporte: Viena, Innsbruck, Linz, Paris, Toulon, Berlin, Munique, Bremen, Budapeste, Lisboa, Praga, Florença, Padova, Lubliana, etc... Nos EUA foram duas vezes em 2006, uma delas no Festival do Acordeon de San Antonio, no Texas.

Borghetti é cada vez mais atração internacional também em festivais do instrumento, ao lado de estrelas como o italiano Ricardo Tesi, o irlandês Martin O´Connor, o português Artur Fernandes, o espanhol Kepa Junqueira. BORGHETTI comemora em 2014 seus 30 anos de carreira, iniciados a partir daquele álbum que, vendendo mais de 100 mil cópias, ganhou o primeiro disco de ouro da musica instrumental brasileira.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Dilermando Reis

Começou a estudar violão com o pai, o violonista Francisco Reis, ainda na infância. Em 1931, aos 15 anos de idade, já era conhecido como o melhor violonista de Guaratinguetá. Neste mesmo ano, assistindo a um concerto do violonista Levino da Conceição, que se apresentava na cidade, tornou-se seu aluno e seu acompanhador, seguindo-o em suas excursões.

Em 1933 chegou ao Rio de Janeiro, em companhia de Levino da Conceição e segundo contou em depoimento ao "MIS", "ao desembarcarmos na Central, tomamos o bonde com destino à Lapa à procura do violonista João Pernambuco", que era amigo de Levino da Conceição. O violonista residia num quarto de uma república na Praça dos Governadores, posteriormente Praça João Pessoa localizada no cruzamento da Av. Mem de Sá com a Rua Gomes Freire. Passaram o resto do dia e a noite com João Pernambuco, entre conversas e música.

Em 1934, Levino Conceição, a pretexto de ir a Campos, deixou pagos 15 dias de hotel para o jovem violonista e nunca mais voltou. Sozinho na cidade, procurou auxílio com João Pernambuco, que o acolheu. Em fins da década de 1930, envolveu-se num caso amoroso com Celeste, companheira de seu ex-professor Levino Conceição. O casal passou a residir na Rua Visconde de Niterói, próximo ao Morro de Mangueira. Viveram juntos por toda a vida. Trabalhou nas casas musicais Bandolim de Ouro e Guitarra de Prata. Foi amigo do ex-presidente Juscelino de Oliveira, e segundo seu depoimento: "Ajudei a construir, com minhas próprias mãos, o Catetinho. Meu violão foi o primeiro ouvido nos céus da nova capital. Fiz também a primeira música em homenagem à cidade que nascia".

Canhoto da Paraíba

Vindo de uma família de músicos, Canhoto da Paraíba aprendeu a tocar o violão quando era muito jovem. Como ele é zagueiro (canhoto) e havia apenas um instrumento para ser compartilhado por ele e seus irmãos, ele aprendeu a jogar em uma posição invertida, observadores deslumbrantes com sua prodigiosa técnica de solo em uma configuração tão desfavorável. Ao longo de sua carreira, ele não só participou de centenas de gravações e apresentações de rádio, acompanhando as estrelas da música, mas também era um mestre reconhecido, tanto como instrumentista como compositor. Os seus choros mais bem sucedidos, "Com Mais de Mil" e "Visitando o Recife", são do mais alto nível do gênero, sendo alguns dos mais representativos do estilo Choro Pernambucano (o estilo desenvolvido em Pernambuco que apresenta características individualizadoras em relação ao Choro Carioca).

O desenvolvimento do gênero choro no Nordeste foi semelhante ao processo Carioca, onde várias saídas de rádio mantiveram regionais (pequenos conjuntos acompanhantes). A diferença é que no Rio, os regionais foram liderados por flutistes ou mandolinistas, enquanto no Nordeste tinham violonistas (guitarristas acústicos) como líderes; Canhoto da Paraíba foi um desses.

Em 1953, ele assinou com a Rádio Tabajara em João Pessoa PB, ficando lá por cinco anos. Lá, ele organizou sua primeira região. Em 1958, ele retornou ao Recife PE e foi contratado pela Rádio Jornal do Comércio, sendo apresentado no show Quando os Violões se Encontram, em que Miro José (que apresentou o violão de sete cordas em Pernambuco), Tozinho, Wilson Sandes, Ernani Reis, Romualdo, Ceça, Zé do Carmo e outros também costumavam realizar. Nesse período, ele atuou regularmente com mestres de choro, como o mandolinista Rossini Ferreira, o acordeonista Sivuca e o mandolinista Luperce Miranda. Em outubro de 1959, juntamente com João Dias, Dona Ceça, Zé do Carmo e Rossini Ferreira, da Paraíba foram ao Rio de Janeiro sendo louvados por ícones como Pixinguinha, Radamés Gnattali, Jacob do Bandolim e Paulinho da Viola, que homenagearam para ele com o choro "Abraçando o Chico Soares" (1971) e com a produção do LP Canhoto da Paraíba: Com Mais de Mil (Marcus Pereira, 1977). Em 1993, gravou o CD Pisando em Brasa (Caju Music).

Altamiro Carrilho

Altamiro Aquino Carrilho nasceu na cidade de Santo Antonio de Pádua (RJ), em 21 de dezembro de 1924. Por influência da família de sua mãe, aos cinco anos de idade brincava com uma flauta de bambu, feita por ele. Aos onze anos, já integrava a Banda Lira Árion, tocando tarol.

1940 mudou-se com a família para Niterói (RJ), onde trabalhava como farmacêutico e à noite estudava música com o amigo e incentivador Joaquim Fernandes, flautista amador.

Altamiro não perdia nenhum programa dos grandes flautistas da época, Dante Santoro e Benedito Lacerda. Com uma flauta de segunda mão, inscreveu-se no programa de calouros de Ari Barroso, conquistando o primeiro lugar. Ainda muito moço, pela sua incrível facilidade de improvisar, com seu estilo muito pessoal e cheio de bossa, foi convidado a integrar conjuntos famosos como os de César Moreno, Canhoto e Rogério Guimarães.

Estreou em disco em 1943, participando da gravação de um 78 rpm de Moreira da Silva, na Odeon. Em 1949, gravou o seu primeiro disco na Star, “Flauteando na Chacrinha”. Formou seu primeiro conjunto em 1950, para tocar na Rádio Guanabara, onde permaneceu até maio de 1951, quando foi convidado a integrar o Regional do Canhoto, substituindo Benedito Lacerda. Em 1955, formou a Bandinha de Altamiro Carrilho, e gravou seu maxixe Rio Antigo, que fez grande sucesso, chegando a vender 960.000 cópias em apenas seis meses! De 1956 a 1958 a bandinha ganhou grande prestígio e popularidade com seu programa ‘Em Tempo de Música’, na TV Tupi.

Tornou-se conhecido internacionalmente na década de 60, quando se apresentou em diversos países, dentre eles: Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Egito, México, Estados Unidos e União Soviética. “Um dos maiores e mais afinados solistas do mundo” foi o elogio que Altamiro Carrilho recebeu de Boris Trisno, quando esteve na União Soviética por três meses. O sucesso no exterior foi tanto que chegou a ficar um ano no México, onde fora passar uma temporada de apenas vinte dias. A partir da década de 70, tornou-se um dos flautistas mais requisitados, como solista e como acompanhante.

Em novembro de 1972 apresentou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro o Concerto em Sol de Mozart, sendo muito elogiado pela crítica especializada. Foi convidado pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre para participar de um programa de Concertos onde, sob a regência do Maestro Julio Medaglia, executou o Concerto Nº2 em Ré Maior KV 314 de Mozart, tendo a idéia de colocar nas cadências pequenos trechos de músicas de grandes compositores populares brasileiros, tais como Pixinguinha e Ernesto Nazareth. Tal fato causou enorme impacto no público e principalmente nos membros da orquestra, sendo aplaudido de pé durante dez minutos. Em 1987, Altamiro Carrilho acompanhou Elizete Cardoso em sua tournée pelo Japão.

Seu disco “Clássicos em Choro” foi premiado com o Troféu Villa-Lobos, como melhor disco instrumental, tendo recebido também Disco de Ouro pelo seu trabalho “Clássicos em Choros Nº 2”. Ganhou o Prêmio Sharp de 1997 como melhor CD instrumental, com o seu “Flauta Maravilhosa”. Recebeu em 1998, das mãos do então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, uma Comenda especial, a Ordem do Mérito Cultural, em reconhecimento ao seu talento e sua incansável luta em prol da Música Brasileira. Ganhou o Titulo de Cidadão Carioca concedido pela Câmara dos Deputados. Em 2003, Altamiro recebeu a Comenda da Ordem do Mérito Cultural da Magistratura pelos serviços prestados à cultura brasileira.

Compositor de versatilidade extraordinária, compôs cerca de 200 músicas dos mais variados ritmos e estilos. Com 60 anos de carreira, tem mais de 100 gravações em discos, fitas e CDs.

Atualmente apresenta-se com seu conjunto de choro por diversas cidades brasileiras, em um show alegre e descontraído, em que conta algumas histórias da música popular brasileira, também incluindo em seu repertório arranjos de música clássica em ritmos brasileiros. Apresenta-se ainda, com orquestras sinfônicas por todo o território nacional e internacional, exercitando assim o seu lado erudito.

É um gênio vivo e um grande exemplo de perseverança, amor pelo instrumento e à música – dom de Deus, que lhe permite transmitir ao público: alegria e amor.

Jacob do Bandolim

Manifestação maior de nossa música popular instrumental, o choro sustenta essa fama graças à presença de músicos extraordinários em suas sucessivas gerações de chorões. Assim é que enquanto ainda brilhava a estrela de Pixinguinha, surgia Jacob do Bandolim para se tornar o grande nome do choro na Segunda metade do século.
Filho único do farmacêutico Francisco Gomes Bittencourt e de Raquel Pick, uma polonesa foragida da Primeira Grande Guerra, Jacob Pick Bittencourt nasceu (em 14.02.1918) e foi criado no bairro carioca da Lapa. Percebendo a sua atração pela música, a mãe deu-lhe aos doze anos um violino, logo substituído por um bandolim, instrumento que ele desejava sem saber bem por que. Aplicado, persistente e dotado de vocação para o auto-didatismo, Jacob, ainda adolescente, já podia ser considerado um bom bandolista, com razoável domínio do cavaquinho e do violão. Isso o animou a formar um pequeno conjunto para acompanhá-lo em participações em programas radiofônicos, o que o levaria à profissionalização. Como o que ganhava com a música era pouco, exerceu paralelamente as atividades de vendedor-pracista, prático de farmácia e corretor de seguros até 1940, quando, a conselho do compositor Donga, prestou concurso e foi nomeado escrevente juramentado da Justiça do Rio de Janeiro. Na ocasião, casado com Adília, já era pai de Sérgio e Helena.
Depois de muitos anos de rádio e participações em gravações alheias, Jacob gravou em 1947 o seu primeiro disco solo, um 78 rpm da Continental que apresentava o choro "Treme-Treme", de sua autoria (Faixa 3 desse CD), e a valsa "Glória", de Bonfiglio de Oliveira (faixa 11). Ainda na Continental, gravaria nos anos seguintes mais seis fonogramas, cinco dos quais aqui reeditados: "Flamengo", de Bonfiglio (faixa 7), "Flor amorosa", de Calado (faixa 9), "Cabuloso"(faixa 11), "Remelexo"(faixa 5) e "Salões Imperiais"(faixa 13), de sua autoria. Em 1949 transferiu-se para a RCA, onde gravaria até o final da vida um total de 47 discos 78 rpm, vários compactos e mais de dez LPs. Gravaria ainda, na CBS, a suíte "Retratos", composta especialmente para ele por Radamés Gnattali.
Além do músico virtuoso, que revolucionou a técnica do bandolim criando uma nova maneira de tocá-lo e elevando-o à categoria de principal instrumento solista do choro, ao lado da flauta, Jacob entra para a história da PB como um excelente compositor, responsável por obras-primas como "Doce de Coco", "Noites Cariocas", "Salões Imperiais" e "Vibrações", entre outras. O mais surpreendente é que ainda arranjou tempo para dedicar-se à pesquisa musical, sempre com a seriedade e o espírito de organização que o caracterizavam.
Fiel ao preceito de que o êxito do solista muito dependente da competência dos músicos que o acompanham, Jacob jamais abriu mão de sua total liderança sobre os conjuntos com os quais atuou. Segundo Sérgio Cabral, seus companheiros sabiam bem que diante de um erro, "bastava um simples olhar seu, mais violento do que qualquer espinafração". O mais importante conjunto ligado a Jacob, que sobreviveu ao seu desaparecimento, é o Época de Ouro. Formado em 1959, quando o mestre lança o LP homônimo, o grupo tem como núcleo básico os violonistas Horondino Silva (Dino 7 Cordas), César Faria e Carlos Carvalho Leite (Carlinhos) e o pandeirista Jorge da Silva (Jorginho do Pandeiro). Esses quatro, mais o cavaquinista Jonas Pereira da Silva e o bandolinista Déo Rian, estão na formação que impregnada do espírito jacobiano, completa esse CD interpretado os clássicos "Noites cariocas"(faixa 2), "Diabinho maluco"(faixa 4), "de Limoeiro a Mossoró" (faixa 6), do próprio Jacob, "Choro negro"(faixa 8), de Paulinho da Viola e Fernando Costa, "O boêmio"(faixa 10), de Anacleto de Medeiros e Catulo Cearense, "1X0" (faixa 12), de Pixinguinha e "Evocação a Jacob"(faixa 14), de Avena de Castro.
Jacob Bittencourt morreu aos 51 anos de enfarte do miocárdio, na sexta-feira, 13 de agosto de 1969. Na ocasião, regressava de uma visita a Pixinguinha, seu ídolo maior.
(Jairo Severiano)
* Biografia compilada do encarte da Enciclopédia Musical Brasileira distribuído pela Warner Music Brasil Ltda.

O texto acima não representa a biografia completa do artista, mas sim, partes importantes de sua vida e carreira.
 

Rosinha de Valença

Maria Rosa Canellas, conhecida por Rosinha de Valença,
(Valença, 30 de julho de 1941 — Ibid.,10 de junho de 2004) foi uma violonista, cantora e compositora brasileira. O nome artístico lhe teria sido dado por Sérgio Porto, que dizia que ela tocava por uma cidade inteira.
Um gravíssimo problema de saúde a retirou definitivamente do mundo artístico em 1992.
Violonista concertista, cantora, e compositora nascida em Valença, no sul do Rio de Janeiro, Rosinha de Valença foi um dos mais importantes nomes femininos da música popular brasileira e considerada uma das matrizes instrumentais da bossa nova.
Ainda criança começou a se interessar pelo violão, assistindo aos ensaios do conjunto regional de seu irmão, Roberto. Incentivada por esse irmão, começou a estudar violão sozinha, ouvindo músicas de rádio e, aos 12 anos, com técnica impressionante, já tocava na rádio da cidade e animava festas e bailes da região. Deixou os estudos para dedicar-se inteiramente à música[1] e, em 1963, mudou-se para o Rio. Descoberta pelo jornalista Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, que a apresentou a Baden Powell e Aloysio de Oliveira, na boate Au Bon Gourmet. De Sérgio, ganhou o nome artístico de Rosinha de Valença. Na descrição entusiasmada do jornalista, Rosinha tocava por uma cidade inteira.
Passou a tocar na boîte Bottle's, onde ficou por oito meses, e gravou seu primeiro disco, Apresentando Rosinha de Valença (1963), pela gravadora Elenco, pertencente a Aloysio. Destacou-se como excelente instrumentista, apresentando-se em programas de televisão como O Fino da Bossa, ao lado de Baden Powell, mestre de seu estilo no instrumento. Sua atuação com Baden foi fundamental para o rumo instrumental que a bossa nova veio a desenvolver.
Viajou (1964), excursionou pelos Estados Unidos com Sérgio Mendes e seu grupo "Brasil 65" e mais Chico Batera, Jorge Ben, Wanda Sá e Tião Neto. O grupo gravou dois discos. Seguiu depois para a Europa como solista de um grupo formado pelo Itamaraty, para divulgar a música popular brasileira no exterior, apresentando-se em 24 países europeus. Rosinha passou também uma temporada em Paris, com uma bolsa de estudos da Embaixada da França. Em 1967, foi a violonista do show Comigo me desavim, de Maria Bethânia.
Depois de sucessivas viagens e apresentações na URSS, Israel, Suíça, Itália, Portugal e países africanos, voltou ao Brasil em 1970 e engajou-se em movimentos de valorização da música instrumental do Brasil.
A artista retornou ao Brasil em 1971 e passou a produzir discos de Martinho da Vila, participando de seus quatro LPs. Também produziu discos, dos quais participou igualmente como instrumentista, Nara Leão, Maria Bethânia e Miúcha, entre outros, e trabalhou com grandes nomes da música internacional, como o saxofonista Stan Getz e a cantora Sarah Vaughn. Depois voltou para a França.
De volta ao Brasil em 1974, organizou uma banda que teve várias formações e contou com a participação de artistas como o pianista João Donato, o flautista Copinha e as cantoras Ivone Lara e Miúcha. Por sua atuação, ganhou um prêmio da Ordem dos Músicos do Brasil. Nos anos seguintes apresentou-se em diversos shows, ao lado de sua banda ou sozinha e acompanhando outros artistas. Gravou mais de uma dezena de LPs, editados no Brasil, EUA, Alemanha e França, por várias gravadoras, entre as quais RCA, Odeon, Forma, Pacific Jazz e Barclay.
Um dos momentos marcantes de suas gravações foi Violões em Dois Estilos, gravado com Waltel Branco, pela Som Livre (1980), com repertório bastante eclético, com faixas como "Porto das Flores" (de sua autoria), "Asa Branca" (de Luís Gonzaga e Humberto Teixeira), "Morena do mar" (de Dorival Caymmi), "Ponteio" (W. Blanco), "Minueto e Prelúdio nº 13" (J. S. Bach).
Quando sofreu a parada cardíaca (1992) que lhe causou uma lesão cerebral e a deixou em coma, ela estava de férias no Brasil. Desde então, Rosinha permaneceu em estado vegetativo e foi levada de volta para Valença. Dois anos após entrar em coma, um grupo de artistas realizou um show beneficente no Canecão para ajudar a custear suas despesas médicas.
Desde então, diversos shows-tributo foram organizados por amigos e familiares para ajudar a custear o tratamento da violonista. Os primeiros oito anos em que permaneceu em coma passou-os na casa da irmã mais velha, Mariló e, após o falecimento desta, ficou aos cuidados de outra irmã, Maria das Graças, em um bairro humilde de Valença, na companhia de alguns parentes, como seu tio Finzinho e seu primo Marcos Aurélio, militar e também músico.
Após 12 anos em coma, uma das mais destacadas instrumentistas da Bossa Nova foi internada no Hospital Escola Luiz Giosef Jannuzzi, onde veio a falecer no dia seguinte, em junho (2004), aos 62 anos, de insuficiência respiratória, em sua cidade natal, Valença, no sul do Estado do Rio de Janeiro. Seu corpo foi enterrado no cemitério Riachuelo, no centro de Valença.

João Donato

João Donato de Oliveira Neto, mais conhecido apenas como João Donato, é um instrumentista (pianista e acordeonista), arranjador, cantor e compositor brasileiro.

Filho de um major da aeronáutica, nasceu em Rio Branco no dia 17 de agosto de 1934, mas ainda pequeno mudou-se para o Rio de Janeiro. Ainda na adolescência demonstrou ter mais intimidade com a música que com os estudos regulares, que abandonou em 1949. Seu círculo de amizade era composto por músicos que se reuniam nos bares cariocas para tocar violão e, claro, falar de música. Nos anos 50, freqüentou o Sinatra-Farney Fan Clube, na Tijuca, zona norte carioca, que durou apenas 17 meses, considerado por muitos estudiosos como uma escola para toda a geração que mais tarde criaria a Bossa Nova.

Donato foi amigo de todos os expoentes do movimento bossanovista, como João Gilberto, Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Johnny Alf, entre outros, mas nunca se encaixou dentro desse rótulo.Pelo contrário, era considerado um músico excêntrico que tocava para si e não para os contra baixistas e bateristas que tentavam lhe acompanhar ao acordeão, piano ou trombone. Também na década de 50, João Donato se muda para os Estados Unidos onde permanece durante 13 anos e realiza o que nunca tinha conseguido no Brasil: reincorporar a musicalidade afro-cubana ao jazz. Grava o disco A Bad Donato e compõe músicas como "Amazonas", "A Rã" e "Cadê Jodel". Retorna ao Brasil, reencontra a música brasileira que estava sendo feita no país, mas não abandona sua paixão pela fusão entre o jazz e ritmos caribenhos.Como arranjador participou de discos de grandes nomes da MPB como Gal Costa e Gilberto Gil.

João Donato de Oliveira Neto nasceu em Rio Branco, capital do Acre, no dia 17 de agosto em 1934. Seu pai, também chamado João Donato, era piloto de avião e nas horas vagas executava vôos domésticos sobre o bandolim. A mãe cantava e a irmã mais velha, Eneyda, estudava para ser concertista de piano. O caçula, Lysias, pendeu para as letras e acabaria se tornando o principal parceiro nas composições do irmão.

O primeiro instrumento de João foi o acordeão, no qual, aos oito anos, compôs sua primeira música, a valsa “Nini”. Antes de completar 12 anos, o pai presenteou-lhe com acordeões de 24 e 120 baixos. Em 1945, Donato pai é transferido, e a família tem de deixar Rio Branco rumo ao Rio de Janeiro.

Em pouco tempo, o circuito musical passava a ser o das festas de colégios da Tijuca e adjacências. Tentou a sorte no programa de Ary Barroso. Intransigente, Ary rodou o tabuleiro da baiana e sequer quis escutá-lo, sob a alegação de que “não gostava de meninos-prodígio”. Sorte que havia ouvidos mais atentos.

Ao profissionalizar-se, em 1949, aos 15 anos, Donato ostentava no currículo as mitológicas jam-sessions realizadas na casa do cantor Dick Farney e no Sinatra-Farney Fã Club, do qual era membro. Johnny Alf, Nora Ney, Dóris Monteiro, Paulo Moura e até Jô Soares, no bongô, estavam entre os componentes destas vitaminadas jams.

Na primeira gravação em que participa, como integrante da banda do flautista Altamiro Carrilho, Donato toca acordeão nas duas faixas do 78 RPM: “Brejeiro”, de Ernesto Nazareth, e “Feliz aniversário”, do próprio Altamiro. Pouco depois, migra para o grupo do violinista Fafá Lemos, como suplente de Chiquinho do Acordeão.

Década de 50

A partir de 1953, agora como pianista, Donato passa a comandar suas próprias formações instrumentais,– Donato e seu Conjunto, Donato Trio, o grupo Os Namorados – com quem lança, em 78 RPM, versões instrumentais para standards da música americana (como “Tenderly”, sucesso de Nat King Cole) e brasileira (como “Se acaso você chegasse, do sambista gaúcho Lupicinio Rodrigues).

Três anos depois, a Odeon escala um iniciante para fazer a direção musical de “Chá Dançante” (1956), primeiro LP de Donato e seu conjunto. Um certo Antonio Carlos - que depois virou nome de aeroporto – pilotaria o disco do filho do aviador. O repertório escolhido por Tom Jobim era mesmo para decolar em qualquer baile de debutante: “No rancho fundo” (Lamartine Babo – Ary Barroso), “Carinhoso” (Pixinguinha – João de Barro), “Baião” (Luiz Gonzaga – Humberto), “Peguei um ita no norte” (Dorival Caymmi).

Em seguida, Donato passa uma temporada de dois anos em São Paulo. Quando volta ao Rio, a Bossa Nova estava deflagrada. O próprio João Gilberto revelou por aí que tirara a batida de violão revolucionária ao ver Donato tocar piano. Naquele mesmo 1958, grava “Minha saudade” e “Mambinho”, parcerias entre Joões Donato e Gilberto.

A convite de Nanai (ex integrante do grupo Os Namorados) parte para uma temporada de seis semanas em um cassino Lake Tahoe (Nevada) Donato relativizou a influência do Jazz, comungou a música do Caribe como integrante das orquestras de Mongo Santamaría, Johnny Martinez, Cal Tjader e Tito Puente. E até excursionou com João Gilberto pela Europa.

Década de 60

1962, hora de regressar ao Brasil. Ao menos no tempo justo de conceber dois clássicos sempre em voga da música instrumental brasileira – “Muito à vontade” (1962) e “A Bossa muito moderna de João Donato” (1963), ambos pela Polydor, relançados no começo dos anos 2000 em CD pela Dubas. É Donato ao piano, Milton Banana na bateria, Tião Neto no baixo e Amaury Rodrigues, na percussão.

Sobre “Muito à vontade”, o jornalista Ruy Castro escreveu, por ocasião de seu relançamento em CD: “foi o seu primeiro disco ao piano e o primeiro mesmo para valer, com nove de suas composições entre as 12 faixas (...). Donato, que estava morando nos Estados Unidos durante a explosão da Bossa Nova, era uma lenda entre os músicos mais novos - para alguns, pelas histórias que ouviam, ele devia ser algo assim como o curupira ou a cobra d'água. Este disco abriu-lhes novos horizontes e devolveu Donato a um movimento que ele, sem saber, ajudara a construir”. Estão lá “Muito à vontade”, “Minha saudade”, “Sambou, sambou”, “Jodel”.

“A Bossa muito moderna” introduz mais alguns temas originalmente instrumentais que, muitos anos depois, se tornariam obrigatórios em qualquer cancioneiro da MPB. Entre elas “Índio perdido”, que viraria “Lugar comum”, ao receber letra de Gilberto Gil. Gil também é parceiro nos versos que transformariam “Villa Grazia” em “Bananeira”. Já “Silk Stop” é o tema original sobre o qual Martinho da Vila escreveria “Gaiolas Abertas”. A influência da música cubana é evidente em “Bluchanga”, dos tempos em que Donato tocava com Mongo Santamaría.

Arruma a pianola e volta para os EUA. Desta vez, a temporada se estenderia por quase uma década. Trabalhou com Nelson Riddle, Herbie Mann, Chet Baker, Cal Tjader, Bud Shank, Armando Peraza, etc. Formou, ao lado de João Gilberto, Jobim, Moacir Santos, Eumir Deodato, Sergio Mendes e Astrud Gilberto, o time dos que tornaram o Brasil de fato reconhecido internacionalmente por sua música.

“Piano of João Donato: The new sound of Brazil” (1965) e “Donato / Deodato” (1973) saíram pela RCA e permanecem fora do catálogo no Brasil. Mas o disco que melhor representa a segunda temporada americana é “A Bad Donato” (1970), feito para o selo Blue Thumb, da California, e relançado em CD pela Dubas. Gravado em Los Angeles, “A Bad Donato” condensa funk, psicodelia, soul music, sons afro-cubanos, jazz fusion. Um Donato dançante, repleto de groove e veneno sonoro – antenadíssimo com o experimentalismo do sonho californiano - , considerado um dos 100 melhores discos de todos os tempos pela Revista Rolling Stone.

Década de 70

No Natal de 72, Donato deu uma passada no Rio e foi até a casa do compositor Marcos Valle. Quem também apareceu por lá foi o cantor Agostinho dos Santos, que sugeriu a Donato letrar suas criações instrumentais. Foi a senha para que os irresistíveis temas de Donato ganhassem contornos de canção popular. Valle aproveitou para convida-lo a gravar um novo disco no Brasil, com o repertório formado a partir deste novo cancioneiro. João estava de volta, absolutamente reinventado.

Donato conta como foi à jornalista Lia Baron: “Eu ia gravar instrumental dentro de alguns dias e o Agostinho dos Santos falou: ‘Vai gravar tocando piano de novo? Todo mundo já ouviu isso. Se fosse você, eu gravaria cantando”. Atendida a sugestão, Donato deixa de ser integrante exclusivo da seara instrumental e entra para a MPB. Além de Gil, Martinho e Lysias, Chico Buarque, Caetano Veloso, Cazuza, Arnaldo Antunes, Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro, Ronaldo Bastos, Abel Silva, Geraldo Carneiro e até o poeta Haroldo de Campos e o fonoaudiólogo e escritor Pedro Bloch tornaram-se parceiros de João.

O disco “Quem é quem”, lançado pela Emi, em 1973 traz as músicas “Terremoto”, “Chorou, chorou” (ambas com letra de Paulo César Pinheiro”), “Até quem sabe” (com Lysias), “Cadê Jodel?” (com Marcos Valle). Até Dorival Caymmi manda uma música inédita, “Cala a boca, Menino”. Em carta enviada a João Gilberto, em 13 de setembro de 73, Donato não esconde o entusiasmo: “É o meu melhor trabalho em discos até o momento, tendo-se em conta o tempo que demorou, o que demonstra o máximo cuidado com que tudo aconteceu. E o resultado é um disco que eu simplesmente acho adorável”. Também foi considerado um dos 100 melhores discos de todos os tempos pela Revista Rolling Stone. Em 2008 “Quem é Quem” foi tema de programa inteiramente dedicado a ele, pelo Canal Brasil, apresentado por Charles Gavin; e de livro escrito pelo produtor e músico Kassim.

O álbum seguinte, “Lugar comum” (1975), pela Philips, dá seqüência ao Donato vocalista, com a maior parte do repertório formado por ex-temas instrumentais. Há parcerias com Caetano Veloso (“Naturalmente”), Gutemberg Guarabyra (“Ê menina”), Rubens Confete (“Xangô é de Baê”). Só com Gil são oito, entre elas “Tudo tem”, “A bruxa de mentira”, “Deixei recado”, “Que besteira”, “Emoriô” e pelo menos dois standards para qualquer antologia da canção popular: a faixa-título e “Bananeira”.

No texto que preparou para o lançamento em CD de “Lugar comum”, pela Dubas, Donato revisita um certo dia de verão nos anos 70, na casa de Caetano. Ele se aproximara dos baianos a ponto de fazer a direção musical do show “Cantar”, de Gal Costa, registrado em disco no ano anterior: “Tava todo mundo: Bethânia, Gal, Caetano com Dedé e Moreno (...). Eles tinham meus dois discos “Muito à vontade” e “A bossa muito moderna” e eu sempre provocava, desafiando eles a fazer as letras. Quando surgiu essa melodia, o Gil inventou que era “bananeira não sei / bananeira sei lá (...)”. Daí eu disse: “quintal do seu olhar”. E ele: “olhar do coração. Como se fosse um ping-pong na segunda parte”.

Lembram daquela excursão que Donato fez à Europa com João Gilberto, logo depois da primeira temporada americana? Pois foi num vilarejo italiano que a bananeira foi plantada. Donato explica: “As minhas primeiras letras surgiram a partir desses temas instrumentais já gravados, que eu pensava que não iam ter letra nunca. “Bananeira” era “Villa Grazia”, o nome da pousadinha onde a gente ficou em Lucca, na Itália, acompanhando o João Gilberto numa temporada (...). Noventa e nove por cento das minhas músicas instrumentais trocaram de nome, por causa da letra”.

Década de 90

Depois desse período, Donato ficou quase vinte anos sem gravar. O mainstream da época parecia não absorver o que, felizmente, a turma pop começou a enxergar a partir dos anos 90. A volta de João ao mundo do disco acontece em 1996 (ele lançara apenas o instrumental e ao vivo “Leilíadas”, pela Philips, em 86), com o álbum “Coisas tão simples”, produzido por João Augusto, para a EMI. O disco traz “Doralinda”, parceria com Cazuza, além de novas colaborações com Lysias (“Fonte da saudade”), Norman Gimbel (“Everyday”), Toshiro Ono (“Summer of tentation”).

De lá para cá, Donato tem lançado seus álbuns sobretudo por três gravadoras independentes: Pela Lumiar, de Almir Chediak: “Café com pão” (com o baterista Eloir de Moraes, 1997); “Só danço samba” (1999); os três volumes da coleção Songbook (1999), além de “Remando na raia” (2001), encontro com Emilio Santiago (2003) e o reencontro com Maria Tita (2006). Na Deckdisc, faz “Ê Lalá Lay-Ê” (2001), “Managarroba” (2002) e o instrumental “O piano de João Donato”, produzidos pelo roqueiro Rafael Ramos, além do disco gravado com Wanda Sá (2003).

Pela Biscoito Fino, saíram os encontros instrumentais com Paulo Moura (“Dois panos pra manga”, 2006) e Bud Shank (“Uma tarde com”, este também em DVD). Pela Biscoito, Donato fez ainda o DVD “Donatural” (2005), onde recebe – em gravação ao vivo no Espaço Sérgio Porto, no Rio – diversas gerações de parceiros: de Gilberto Gil ao DJ Marcelinho da Lua; de Emilio Santiago a Marcelo D2; de Leila Pinheiro a Joyce, com direito a Ângela Rô Rô e o filho Donatinho, fera dos teclados e dos samplers.

João Donato vive no bairro da Urca, no Rio. Ele é casado com a jornalista Ivone Belem, desde 2001. É pai de Jodel, Joana e Donatinho.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Guiomar Novaes

Nascida em São João da Boa Vista, interior de São Paulo, filha de Ana de Carvalho Meneses e de Manuel José da Cruz Novaes, Guiomar foi a décima sétima dos dezenove filhos do casal.
A família logo estabeleceu-se em São Paulo.
Guiomar Novaes (São João da Boa Vista, 28 de fevereiro de 1894 — São Paulo, 7 de março de 1979) foi uma pianista brasileira que construiu sólida carreira no exterior, particularmente nos Estados Unidos. Ficou especialmente conhecida pelas suas interpretações das obras de Chopin e Schumann. Foi importante divulgadora de Villa-Lobos no exterior.

O piano, presente em sua casa e utilizado nas aulas de suas irmãs, despertou o interesse de Guiomar, que, aos quatro anos, começou a tocá-lo de ouvido. Aos seis anos, a menina passou a tomar aulas com Eugenio Nogueira, professor paulista, e ingressou, por vontade própria, no jardim de infância. Desde os primeiros dias escolares, acompanhava, ao piano, as canções entoadas pelas colegas.

Mais tarde, Guiomar Novaes passou a tomar aulas com Luigi Chiaffarelli, um importante mestre italiano, considerado o responsável pelo seu desenvolvimento artístico. Chiaffarelli também foi professor de inúmeros pianistas que alcançaram fama no país e no exterior. A menina Guiomar Novaes, vizinha de Monteiro Lobato, foi quem inspirou o escritor a criar a encantadora personagem Narizinho, a "menina do nariz arrebitado" do Sítio do Picapau Amarelo.

Em 1902, com oito anos, Guiomar Novaes apresentou-se publicamente pela primeira vez como artista. Em outubro de 1909, com o auxílio do Governo do Estado de São Paulo, partiu para a Europa, para estudar em Paris.

Ao desembarcar na França, Guiomar foi convidada para visitar uma compatriota que desejava ouvi-la: era a Princesa Isabel, também pianista, que vivia próximo a Versalhes, no exílio. Foi a Princesa Isabel quem estimulou Guiomar a incluir em seu repertório a Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro, composição de Louis Moreau Gottschalk. Guiomar frequentemente tocava a Grande Fantasia Triunfal nos recitais que fazia no exterior, evidenciando assim sua nacionalidade e contribuindo para o reconhecimento internacional do Brasil.

Na capital francesa, Guiomar inscreveu-se para prestar provas no Conservatório de Paris; havia 387 candidatos para duas vagas para estrangeiros.
 Realizou a primeira prova em 18 de novembro de 1909. Após rígida seleção, o número de candidatos baixou para trinta. A segunda prova deu-se em 25 de novembro.

A comissão julgadora era formada por músicos como Claude Debussy, Moszkowski e Fauré.
 Durante o primeiro exame, ela tocou Carnaval de Schumann, um estudo de Liszt-Paganini e a 3ª Balada de Chopin. No segundo exame, quebrando o protocolo dos concursos do Conservatório o juri pediu a repetição da 3a. Balada de Chopin.

Eu estava voltado para o aperfeiçoamento da raça pianística na França...; a ironia habitual do destino quis que o candidato artisticamente mais dotado fosse uma jovem brasileira de treze anos. Ela não é bela, mas tem os olhos 'ébrios da música' e aquele poder de isolar-se de tudo que a cerca - faculdade raríssima - que é a marca bem característica do artista
Após ser admitida em primeiro lugar, por unanimidade, estudou no Conservatório com o mestre húngaro Isidore Philipp, que afirmou não ter ensinado nada à aluna e sim aprendido com ela. Em julho de 1911, na prova de encerramento do curso do Conservatório de Paris, Guiomar venceu a prova, que contava com 35 concorrentes, e ganhou o Primeiro Prêmio - que compreendia a quantia de 1200 francos e um piano de cauda.

Depois de conquistar o primeiro prêmio e deixar o Conservatório de Paris, Guiomar teve diversos oferecimentos de contratos, tocando em Paris, Londres (sob a regência de Henry Wood), Genebra, Milão e Berlim. Sua estreia oficial foi uma apresentação acompanhada de uma orquestra regida por Gabriel Pierné.
 Em 1913, retornou ao Brasil e se apresentou no Teatro Municipal de São Paulo e no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em 1914, com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, Guiomar cancelou todos os compromissos na Europa e continuou apresentando-se no Brasil.
Em 191, fez sua estreia nos Estados Unidos, onde realizou fantástica temporada, tocando em Nova Iorque, Boston, Chicago, Norfolk, Newport e outras cidades norte-americanas, sendo aclamada pela crítica estadunidense, que a chama de Lady of the Singing Tone. Henry T. Finck, famoso crítico musical norte-americano, considerou-a a mais inspirada pianista.
Em janeiro de 1919, Guiomar perdeu sua mãe e companheira D. Anna, mas não deixou de encantar as plateias americanas.
Em agosto de 1919, retornou ao Brasil, onde foi acolhida festivamente, recebendo o reconhecimento de seus compatriotas.
Em novembro de 1919, parte Estados Unidos, iniciando a temporada 1919-1920.

Em dezembro de 1920, está no Brasil e oficializa seu noivado com o namorado, o arquiteto e compositor Octávio Pinto. Em 1921, Guiomar está nos Estados Unidos.
Em 1922 Guiomar participou da Semana de Arte Moderna – evento que revolucionou as artes brasileiras, marcando a chegada do modernismo –, apesar de um pouco contristada com as paródias feitas a Chopin no 1º Festival da Semana de 22.
Também em 1922, Guiomar casa-se com Octávio Pinto.
O casal teve dois filhos: Anna Maria e Luís Octávio. A partir de 1922, Guiomar passou a incluir nos seus recitais as obras de Villa-Lobos, tornando-se importante divulgadora desse seu compatriota nos Estados Unidos.

A partir daí, Guiomar alternou idas aos Estados Unidos e voltas ao Brasil.
Em 1938, tocou para o presidente Franklin Delano Roosevelt.
A imprensa americana a reconheceu como a melhor pianista do mundo.
Em 1950, morreu Octávio Pinto, seu marido e incentivador, que ficou no Brasil para cuidar de problemas cardíacos. Guiomar sentiu-se profundamente abalada, chegando a cogitar um fim de carreira, mas logo estava de volta aos palcos, fortalecendo-se com a música.

Em 1967, foi escolhida, entre vários artistas do mundo, para participar dos eventos de inauguração do Queen Elizabeth Hall (inaugurado oficialmente em março de 1967 por English Chamber Orchestra e Bemjamin Britten, regente), convidada pela rainha Elisabete II do Reino Unido para um recital em 30 de abril de 1967, coroado de sucesso.Nas décadas de 1960 e 1970, Guiomar foi condecorada com diversos títulos, medalhas, insígnias e comendas, e homenagens como a Ordem Nacional do Mérito, concedida pelo governo brasileiro, além de ter sido elevada ao grau de Cavaleiro da Legião de Honra de França. 1972 é o ano da sua última temporada nos Estados Unidos.

Em janeiro de 1979, a pianista sofreu derrame cerebral e seu estado de saúde passou a inspirar cuidados. Guiomar Novaes morreu em 7 de março de 1979, aos 85 anos, às oito horas da noite, em São Paulo, vítima de infarto do miocárdio. Todos os grandes jornais americanos publicaram um anúncio fúnebre intitulado In Tribute to GUIOMAR NOVAES. Seu velório aconteceu na Academia Paulista de Letras. Foi enterrada no Cemitério da Consolação, em São Paulo, em 8 de março, ao som da Marcha Fúnebre, da Sinfonia Eroica, de Beethoven.

Magdalena Tagliaferro

Magdalena Maria Yvonne Tagliaferro (19 de janeiro de 1893 a 9 de setembro de 1986) foi uma pianista brasileira de pais franceses.
Magdalena Tagliaferro nasceu em Petrópolis, Brasil. Seu pai, que estudou piano com Raoul Pugno em Paris, era professor de voz e piano no Conservatório de São Paulo.
Ele foi seu primeiro professor.
O violoncelista Pablo Casals ouviu Tagliaferro jogar em São Paulo quando tinha onze anos, e ele a incentivou a estudar no Conservatório de Paris.
 Ela foi para Paris com seus pais. Seu pai providenciou que ela jogasse para Pugno, que ficou impressionada e recomendou ela a Antonin Marmontel no Conservatório.
Ela entrou no Conservatório em 1906 na classe de Marmontel e recebeu o primeiro prêmio (o mais alto prêmio de interpretação) em 1907.
Posteriormente, estudou com Alfred Cortot e os dois permaneceram amigos pelo resto de sua vida.
Ela desenvolveu uma reputação para se esforçar para a realização dos ideais musicais exemplificados por Cortot: uma perfeita união de clareza e ternura, força interior e emoção e equilíbrio clássico na formação das obras que estão sendo interpretadas.
Durante seus estudos no Conservatório, o diretor, Gabriel Fauré, convidou-a em um curto passeio com ele. Mais tarde, ela realizou muitas de suas composições.
Durante sua carreira, seus compromissos de recitação a levaram ao centro musical de mais de 30 países na Europa, África, América e Ásia.
Ela também foi muito ativa como solista, atuando com muitas orquestras líderes e atuou com vários maestros ilustres, incluindo Felix Weingartner, Issay Dobrowen, Pierre Monteux, Wilhelm Furtwängler, Hans Knappertsbusch, Paul Paray, Vincent d'Indy e Désiré-Émile Inghelbrecht.
Outros artistas solistas, como Cortot, Jacques Thibaud, George Enescu, Jules Boucherit e Pablo Casals se apresentaram com ela em recitais conjuntos.
Os compositores a procuraram para as estréias de suas obras, às vezes especificamente pretendendo que Tagliaferro seja o primeiro artista a realizar suas composições.
 Ela, por sua vez, se aplicou para realizar novas obras de compositores como Reynaldo Hahn, Jean Rivier, Gabriel Pierné e Heitor Villa-Lobos.
Tagliaferro também teve uma carreira distinta como pedagoga.
Ela ensinou no Conservatório de Paris de 1937 a 1939, onde a pianista polonesa Władysław Kędra estava entre seus alunos, convidada por ela quando o ouviu jogar enquanto julgava o III Concurso Internacional de Piano Chopin em Varsóvia, na Polônia, em fevereiro-março de 1937.
Ela também criou sua própria escola em Paris e depois no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Ela deu inúmeras masterclasses em muitos países e criou uma competição de piano.
Seus muitos estudantes incluíram Pnina Salzman, Jeanne Demessieux, Lycia de Biase Bidart, Flavio Varani, Cristina Ortiz, Maria Teresa Naranjo Ochoa, Jorge Luis Prats e James Tocco.
Tagliaferro manteve uma capacidade aclamada pela crítica para o jogo maravilhosamente criado em seus anos noventa. Ela morreu no Rio de Janeiro, no Brasil.

Sebastião Tapajós

Sebastião Tapajós Pena Marcião (Alenquer, 16 de abril de 1942) é um violonista e compositor brasileiro.

Nascido em Alenquer, mudou-se para Santarém ainda pequeno. Começou ainda criança a estudar violão. Em 1964, foi estudar na Europa. Formou-se pelo Conservatório Nacional de Música de Lisboa, em Portugal. Na Espanha, estudou guitarra com Emilio Pujol e cursou o Instituto de Cultura Hispânica. Realizou recitais nesses dois países. Regressando ao Brasil, recebeu a cadeira de violão clássico do Conservatório Carlos Gomes de Belém, onde lecionou até julho de 1967.

Ao longo de sua carreira, o artista já tocou com nomes conhecidos da MPB como Hermeto Pascoal, Jane Duboc, Zimbo Trio, Waldir Azevedo, Paulo Moura, Sivuca, Maurício Einhorn e Joel do Bandolim, e internacionais como Gerry Mulligan, Astor Piazzolla, Oscar Peterson e Paquito D'Rivera.

Em 1998 compôs a trilha sonora do longa-metragem paraense Lendas Amazônicas.

Tapajós é um músico consagrado na Europa, onde se apresentou um sem-número de vezes durante as últimas décadas, particularmente na Alemanha, e já lançou mais de cinquenta discos. Tendo uma sólida carreira internacional, o violonista vem realizando todos os anos pelo menos duas turnês internacionais. Todos os seus discos têm sido relançados em CD em vários países.

Em 2005 estreou, ao lado da bailarina Carmen Del Rio, o espetáculo O Violão e a Bailarina, no Shopping da Gávea, no Rio de Janeiro. O show contou com a participação especial do contrabaixista paraense Ney Conceição.

Além de sua obra como instrumentista, é autor de várias canções, em parceria com Marilena Amaral, Paulinho Tapajós, Billy Blanco, Antonio Carlos Maranhão, Avelino V. do Vale e outros compositores.

Constam da relação dos intérpretes de suas canções artistas como Emílio Santiago, Miltinho, Pery Ribeiro, Jane Duboc, Maria Creuza, Fafá de Belém, Nilson Chaves, Ana Lengruber e Cristina Caetano, entre outros.

Segundo V. A. Bezerra "o estilo de tocar de Sebastião Tapajós é vigoroso e incisivo, e o som que tira do instrumento é cheio e encorpado. Ele gosta de utilizar efeitos percussivos, variações de timbre (do som mais doce, tocando próximo à boca do instrumento, ao mais metálico, próximo ao cavalete do instrumento), sons harmônicos, repetição ritmada de acordes em ostinato e outros recursos."

Nos últimos anos, o violonista tem demonstrado um vigor impressionante compondo um grande número de novas obras, experimentando novas estéticas e revisando sua vasta produção. Em 2010 fez a direção artística do CD Cristina Caetano interpreta Sebastião Tapajós e Parceiros. Em seguida, em 2011, produziu e lançou os Cds Cordas do Tapajós e Conversas de Violões, com o amigo e parceiro Sérgio Ábalos. Já em 2012 lançou Suíte das Amazonas e remasterizou o clássico Painel, uma de suas obras mais conhecidas em todo o mundo. Em 2013 lançou e realizou turnê nacional com o CD Da Lapa ao Mascote, e lançou o DVD Sebastião Tapajós e amigos solistas (2013).

Em 16 de maio de 2013, Sebastião Tapajós recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Ainda no mesmo ano, em 11 de novembro de 2013, recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).

Sebastião Tapajós vive hoje em Santarém, no Pará casado com Tanya Maria Souza de Figueiredo Marcião sua atual esposa.

Maurício Einhorn

Filho de imigrantes poloneses, os pais eram gaitistas
Começou a tocar gaita de boca aos cinco anos de idade, desde então se apresentando no colégio franco-brasileiro onde estudava até os 13 anos de idade.
A constância do músico com referência ao instrumento foi tanta que, já aos 10 anos, Einhorn começou a participar dos renomados programas radiofônicos de calouros da época, tais como "A Hora do Pato" e "Papel Carbono" (na Rádio Nacional); e mesmo o programa de Ary Barroso e das Gaitas Hering na Rádio Tupi, ao lado de Fred Williams e outros.

Ainda adolescente tocou em duos, trios e quartetos sendo que no início da década de 1950 introduziu-se nas linguagens dos estilos jazz e choro. Sua primeira gravação foi em 1952, quando, na música "Portate Bien" solou com um conjunto de gaitas Brazilian Rascals.
Apresentou-se com Waldir Azevedo e seu Regional na Rádio Clube do Brasil. Por volta de 1955 no Hotel América, já extinto, em frente ao Clube Hebraica conheceu Durval Ferreira durante um baile em que Maurício Einhorn tocava.
A primeira música dos dois, "Sambop", foi gravada em 1959 por Claudete Soares no LP "Nova Geração em Rítmo de Samba", em que fez participação.
Depois vieram: "Estamos aí" (com Durval Ferreira e Regina Werneck) gravada por Leny Andrade; "Tristeza de Nós Dois" ( com Durval Ferreira e Bebeto); "Batida Diferente", "Nuvem e Clichê" (todas com Durval Ferreira), "SamBlues" (com Durval Ferreira e Regina Werneck) e muitas outras.
Tocou com Vitor Assis Brasil em 1975 e atuou em várias gravações de Chico Buarque, Claudete Soares, Gilberto Gil e muitos outros. Participou das trilhas sonoras de diversos filmes.
Teve também destaque na bossa nova, movimento cuja influência mudou os rumos da MPB.

Na década de 1960, no ano de 1968, participou do Festival Internacional da Canção (da Rede Globo de Televisão) junto com o gaitista Toots, como também no festival da Rede Record de Televisão. Em 1972, a convite do músico brasileiro Sérgio Mendes, residente nos Estados Unidos, Einhorn foi para esse país e chegou a tocar com famosos expoentes do jazz como o guitarrista Jim Hall,o contrabaixista Ron Carter e o gaitista Toots Thielemans.
Com seus amigos, os pianistas brasileiros Eumir Deodato e João Donato gravou o disco "Donato/Deodato".
Em dezembro de 1972 retornou ao Brasil. Em 1973 gravou um compacto cujo tema foi o filme "O Último Tango em Paris" (na gravadora Tapecar).
Também lançou o LP de trilhas sonoras "The Oscar Winners". Em 1975 gravou para o selo Phillips um LP que deveria ter sido o primeiro a aparecer com o seu nome mas que, por razões comerciais, foi batizado com o nome "A Era de Ouro do Cinema".
Em 1976 fez parceria com o violonista Sebastião Tapajós. Em 1979 saiu o primeiro LP em seu nome, pela etiqueta Clam.
Lançou outros discos em 1984 e 1985 pela Interdisc na Argentina.
Em 1993 apresentou-se no SESC Pompéia em São Paulo de onde foram gravados as faixas para o seu quarto disco, pela etiqueta Tom Brasil.
Em 1996 gravou o CD "Os Solistas" ao vivo com Sebastião Tapajós, Gilson Peranzetta e Paulinho Nogueira depois, relançado pela Moviedisc.
Em 1996 gravou novamente com Sebastião Tapajós, Gilson Peranzetta e Altamiro Carrilho o CD independente "Nas Águas do Brasil".

Mostrou talento, técnica e criatividade na arte do uso da gaita em várias fases da história musical no Brasil, quais sejam, da MPB, os anos áureos do rádio, bossa nova, os grandes festivais, aos dias de hoje. Com mais de 62 anos de carreira, ainda leciona atualmente.
Costuma passar mais prática do que teoria em suas aulas.
O músico é amigo do belga Toots Thielemans, tido como o melhor gaitista do mundo.
A opinião de ambos é de que, para aprender-se a tocar o instrumento, mesmo que não em nível profissional, é necessário dedicar-se pelo menos uma hora por dia, "inclusive sábado, domingo e feriado".

No decorrer de sua carreira, o músico gravou com grandes astros da MPB, tais como Elizeth Cardoso, Maria Bethânia, Hermeto Pascoal, Chico Buarque, entre outros.

Consta do seu repertório a composição de mais de 400 músicas, das quais 40 foram gravadas.
E ainda continua na ativa. Da sua lista de alunos constam: Gabriel Grossi, brasiliense, e hoje integrante do grupo cujo líder é Hamilton de Holanda; Hélio Rocha, professor de gaita da Escola de Música de Brasília; Leonardo Medeiros, gaitista desde 1999 entre outros.

O músico já marcou presença em Brasília por diversas vezes, inclusive, no início da década de 1980, na Granja do Torto, residência oficial de Presidentes da República brasileiros, onde tocou em duo com o então presidente Figueiredo, que era "gaitista amador". Ele presenteou o então presidente com uma gaita, que, por sua vez, havia recebido de presente do famoso gaitista Toots Thielemans. A última apresentação na capital foi no Clube do Choro, por sugestão de Gabriel Grossi, no contexto de um projeto em homenagem a Waldir Azevedo. Além disso, a Escola de Música de Brasília também já desfrutou do conhecimento do mestre.

Edu da Gaita

Edu da Gaita foi um famoso guitarrista virtuoso no Brasil. Entre suas performances memoráveis ​​e mais de 200 gravações estão o "Moto Perpetuo" de Paganini (gravado em 1957) eo "Concerto Para Gaita e Orquestra" de Radamés Gnattali (realizado em 1958 à frente da Orquestra Sinfônica Brasileira), dedicado a ele. Seus dois LPs foram considerados o Melhor do Ano por críticos especializados. Os vários prêmios de música clássica que ganhou incluem o Euterpe e a Música Erudita. Ele também se apresentou extensivamente no rádio, como acompanhante das estrelas de seu período, e foi o solista do sexteto de Radamés Gnattali. Ele deu concertos através de Portugal, França, Inglaterra, Itália e América do Sul.

Às nove, ele ganhou um concurso interpretando "Études No. 3." de Chopin. Em 1933, Edu da Gaita mudou-se para São Paulo (São Paulo), realizando a harmônica na Rádio Cruzeiro do Sul. No ano que vem, instalou-se no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro). Três anos depois, ele foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga, onde recebeu seu nome artístico por César Ladeira. Ele também atuou no Copacabana Palace Hotel, no Cassino da Urca e no Cassino Icaraí (em Niterói, no Rio de Janeiro). Em 1939 ele gravou pela primeira vez. A canção era "Canção da Índia" (Rimsky-Korsakov). Dez anos depois, Gaita tornou-se solista de várias orquestras sinfônicas quando começou a apreciar sua reputação incontestável.

Oscar Castro Neves

Oscar Castro Neves (Rio de Janeiro, 15 de maio de 1940) ou, como é conhecido internacionalmente, Oscar Castro-Neves, é um cantor, instrumentista, arranjador, compositor, produtor musical e diretor musical brasileiro. Como Antônio Carlos Jobim e João Gilberto, Oscar Castro-Neves surgiu no início dos anos de 1960 e é considerado por muitos uma das figuras que ajudou a estabelecer o movimento da bossa nova no mercado internacional, principalmente nos EUA.

Nasceu gêmeo de mais dois irmãos e cresceu no Rio de Janeiro. O seu primeiro instrumento foi um cavaquinho, enquanto o seu primeiro grupo musical foi uma parceria com seus irmãos: o pianista, Mário; o baixista, Iko; e o baterista, Léo. Seu primeiro sucesso foi com "Chora Tua Tristesa," aos 16 anos de idade.

Em 1962, apresentou-se em um concerto internacional de bossa nova no Carnegie Hall, em Nova Iorque; em seguida iniciou uma turnê junto a Stan Getz e Sérgio Mendes. Ele continuou trabalhando com diversos músicos bem conceituados; entre eles: Yo-Yo Ma, Michael Jackson, Barbra Streisand, Stevie Wonder, João Gilberto, Lee Ritenour, Airto Moreira, Toots Thielemans, John Klemmer e Diane Schuur, entre muitos outros.

Nos anos de 1970 e no início de 1980, participou do conjunto musical de Paul Winter. Por sete anos, Oscar dirigiu um programa de músicas brasileiras no Hollywood Bowl. Com uma audiência que superava 14 mil pessoas, o programa homenageava grandes nomes da fusão "jazz-Bossa" e era televisionado globalmente.

Atualmente vive em Los Angeles, na California, aonde trabalha como orquestrador de trilha-sonora de longa-metragens, e inclui em seu curriculum filmes como Blame It on Rio e Sister Act 2: Back in the Habit (Mudança de Hábito 2, no Brasil